segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O papel da ''máquina'' na eleição de Salvador


Observador da cena política acha que, no final, vão confluir para a mesma chapa na eleição de Salvador o PT de Nelson Pelegrino e o PP, em tese do prefeito João Henrique, mas na prática do outro João, o Leão, que até poderia ser o vice, mal não lhe faria.

Ante o inevitável questionamento sobre o desgaste da atual administração e seu impacto eleitoral, respondeu com uma pergunta: “É melhor ter a máquina ‘desgastada’ a favor ou contra?” Numa eleição de caráter plebiscitário, entende a fonte, muitos votariam ou não em determinado nome por ter ele o apoio do prefeito.

Mas no lusco-fusco instalado na política soteropolitana, em que supostos candidatos de oposição não querem briga ou até procuram o prefeito, como ACM Neto e o próprio Pelegrino, é bem possível que uma ruazinha asfaltada valha mesmo mais do que a dignidade do eleitorado.

Confiança mútua é a carência da oposição - O pleito municipal de 2012, como se sabe, tem, na cabeça dos políticos, relação profunda com o de 2014 e com o próprio futuro da carreira de cada um. Por isso todo mundo, no campo da oposição, quer ser candidato a prefeito ou, não sendo, garantir previamente apoio para uma candidatura ao governo do Estado.

Há uma crise de confiança entre os principais partidos oposicionistas e seus líderes que dificulta o avanço das negociações. O deputado ACM Neto, que chegou a ensaiar a candidatura, recuou ao perceber que Geddel Vieira Lima endureceria o jogo, escaldado que está até hoje com o golpe recebido do prefeito João Henrique.

No mesmo nível de desconfiança estaria o deputado Antonio Imbassahy, cujas movimentações na política demonstram ser ele capaz de, no poder, ficar somente com suas ideias. O PMDB apareceu com a novidade Mário Kertész, e aí complicou de vez, porque todos sabem que não exerceriam o menor controle sobre o empresário-radialista.

A "terceira força" que morreu na origem - Kertész, então um recente ex-carlista, foi eleito prefeito em 1985 a bordo de uma coligação de “esquerda”, mas terminou a gestão rompido com praticamente todas as forças que o apoiaram. Não serviu para contê-lo nem a eleição do governador Waldir Pires em 1986.

Os sonhos de glória predominavam na época, e o prefeito quis fundar uma chamada “terceira força”, ao lado do empresário Pedro Irujo. Ele resistiu a um sucessor de “esquerda”, que seria o ex-prefeito Virgildásio Senna, cassado em 1964, e como “dono” do PMDB impôs a candidatura do radialista Fernando José.

O fracasso da gestão respingou em Kertész, que tentaria sem êxito, nas eleições seguintes, chegar à Câmara dos Deputados e retornar à Prefeitura. Sua “carreira política” parece ter entrado em sono profundo, do qual surpreendentemente desperta 20 anos depois. Que bicho dará, é difícil deduzir.

Se fosse assim, Pinheiro seria prefeito - Em tempo: os políticos continuam acreditando na interrelação fatal das vitórias eleitorais, embora nem sempre o resultado de um pleito seja guiado pelo do anterior. Por exemplo, quando Jaques Wagner se elegeu em 2006, era senso comum que o PT faria, enfim, em 2008, o prefeito de Salvador, mas o que se viu foi a antes improbabilíssima reeleição de João Henrique sobre Walter Pinheiro. (Por Escrito)

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